Arnaldo Rabelo

18 julho 2009

Mercado de cerveja cresce mesmo no inverno e com crise

A crise econômica e as temperaturas mais baixas do inverno não afastaram o brasileiro do consumo de cerveja, cujo mercado cresceu quase 4% em maio deste ano em relação ao mês anterior.

Segundo dados da consultoria Nielsen, as vendas de cerveja em volume aumentaram 3,7% entre abril e maio (para 1,2 bilhão de litros). O faturamento teve alta ainda maior, de 9,1% no mesmo período, a R$ 5 milhões.

No acumulado até maio deste ano, o volume de vendas cresceu 2,9% e o faturamento, 7,6% (para R$ 16 milhões). Ainda que em ritmo um pouco menor que o do ano passado (no mesmo período de 2008, até maio, as vendas subiram 4,5% em volume e 9,4% em valores), o setor mostra resistência aos abalos da desaceleração da economia.

"Os dados são surpreendentes e o mercado de cerveja vai muito bem. Em períodos de crise, os consumidores deixam de tomar bebidas mais caras, como o vinho e whisky, mas continuam bebendo as mais baratas, como cerveja e chope", diz o analista da Planner Corretora, Pérsio Nogueira.

Para ele, o mercado de cerveja se beneficiou com a transferência de consumo para bebidas mais baratas e por não ser dependente de crédito --fortemente abalado desde o agravamento da crise internacional no final do ano passado.

"O brasileiro quer continuar fazendo o happy hour, mas mais barato. (...) E se recupera o emprego, então, vai comemorar com os amigos", diz o analista, que vê também o mercado de cerveja com desempenho e consumidores mais estáveis.

Liderança ainda maior

A AmBev --dona de marcas como Antarctica, Brahma, Skol e Bohemia-- segue na liderança entre a preferência dos consumidores e a ampliou no mês passado, com participação de 68,9% em junho ante 68,3%. A Schincariol também cresceu, ao passar de 12,3% em maio para 12,5% em junho. A cervejaria Petrópolis (dona da Itaipava), no entanto, encolheu (de 9,7% em maio para 9,4% em junho), assim como a Femsa (Kaiser), que passou de 7,6% em maio para 7,2% no mês passado.

Segundo Nogueira, em momentos de desaceleração da economia, a tendência é de as empresas menores encolherem ainda mais, à medida que reduzem investimentos em publicidade.

"Ambev e Schincariol ganharam mercado. Cerveja é mídia e tem de estar nela. Aquelas que têm melhor sistema de distribuição também se beneficiam. E as pequenas sofrem mais neste caso, porque naturalmente há migração, e os consumidores vão para as marcas líderes. Se a empresa não tem margem, sai da mídia e sai da cabeça dos consumidores", explica o analista da Planner.

Ainda conforme dados da Nielsen, o mercado de bebidas alcoólicas como um todo --que inclui cerveja e conhaque, entre outros-- cresceu 2,7% no acumulado deste ano até maio, com vendas de R$ 20,6 milhões.

Nem mesmo a lei seca e as blitze policiais conseguiram derrubar o consumo. "Os consumidores estão conseguindo administrar, se revezando ao volante."

Não alcoólicas

Segundo dados da Nielsen, até maio deste ano, as vendas de bebidas não alcoólicas (água, refrigerante e suco) subiram 3,7% (contra 5,7% no mesmo período em 2008), com receita de R$ 14,4 milhões.

No segmento de refrigerante, o desempenho não é muito diferente do de cerveja. No acumulado até maio, a expansão foi de 1,1% em volume e de 6,3% em valores. Um ano atrás, as vendas em volume tinham crescido 2,4% e em valores, 8,2%.

O mercado de água mineral, por sua vez, aumentou o volume vendido (2,4%), mas viu a receita cair (2,4%). No acumulado até maio no ano passado, o volume registrou expansão de 2,4% e a receita, de 8,2%.

Fonte: Folha Online - 18/07/09

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