Arnaldo Rabelo

22 junho 2008

A força que Gisele traz a uma marca

A grife Colcci agora vende 10 vezes mais

A Colcci talvez seja o maior exemplo do que Gisele Bündchen pode fazer por um negócio. O desfile da modelo brasileira hoje à noite na São Paulo Fashion Week, que pela sexta vez veste a grife de moda jovem, é mais um capítulo de uma estratégia de ouro de um grupo familiar do interior de Santa Catarina. A marca foi comprada pela AMC Têxtil em 2000, quando ainda tinha pouca expressão no mercado nacional, e cresceu 10 vezes seu faturamento nos últimos anos. A expansão da Colcci permitiu que o grupo comprasse recentemente duas das marcas mais conhecidas e tradicionais do País, Forum e Triton, e se tornasse o maior conglomerado da moda brasileira atual.

A vinda da grife - e de Gisele - para São Paulo, depois de anos desfilando no Fashion Rio, foi uma maneira de dar ainda mais projeção nacional e internacional para a Colcci. “São Paulo é a capital da moda do País, onde estão os compradores estrangeiros”, diz Alexandre Menegotti, diretor-geral de moda do Grupo AMC Têxtil. O faturamento do grupo no ano passado, o único declarado na época da compra de Forum, Triton, Tufi Duek e Forum Tufi Duek, era de R$ 500 milhões.

Em meio a um mercado de moda agitado por aquisições que não deram certo, como as das grifes de Alexandre Herchcovitch e Fause Haten, Tufi garante que fez um bom negócio. Estima-se que o estilista tenha vendido suas grifes por R$ 250 milhões. Segundo ele, parte do dinheiro já foi recebida. Tufi continua responsável pela criação das grifes e diz que não tem qualquer participação nas outras marcas do grupo. “A Gisele introduziu a Colcci. A marca não tinha nenhuma imagem. A força da Colcci está no marketing”, opina Tufi.

A professora de Moda da Faculdade Santa Marcelina, Walquíria Caversan, explica que os novos conglomerados do setor no País funcionam como caça-talentos. “Eles buscam potencial criativo em marcas com diferentes perfis.” Além da Colcci e das marcas de Tufi, a AMC tem também a sua marca própria de malharias e ainda adquiriu as grifes Sommer, Carmelitas e a linha de roupas da Coca-Cola. “Minhas grifes não competem com a Colcci. Elas são conhecidas pelo design, pela qualidade e por fazerem parte do mercado de luxo”, diz Tufi.

Sim, Forum Tufi Duek é uma grife cara, com vestidos de mais de R$ 1 mil. Mas o aumento no faturamento do grupo AMC está muito relacionado ao crescimento no preço das roupas da Colcci. Nesses últimos anos, segundo o próprio Menegotti, as peças tiveram um aumento de 60% a 70% nos preços. “Investimos em qualidade, em tecnologia e o marketing da Gisele justifica o preço”, diz. Afinal, um jeans vestido por uma das maiores modelos do mundo não poderia custar menos de R$ 300 - é esse o raciocínio. “Contratamos a Gisele para crescer e crescemos por causa dela. Gosto de fazer negócios assim, pagar o que vale”, afirma.

Menegotti não divulga quanto pagou. Mas o mundo da moda estima que contratos da modelo não saem por menos de R$ 2 milhões. O que ela assinou com a Colcci pela primeira vez em 2006 inclui, além de dois desfiles por ano (primavera/verão, outono/inverno), toda a campanha da grife. As fotos com Gisele vestindo a coleção de verão 2009 seriam feitas ontem, assim que ela chegasse à cidade. Todas as fotografias que serão usadas pela marca são aprovadas pessoalmente pela modelo.

Gisele ajudou também a grife brasileira a aumentar sua inserção internacional nesse período. Hoje, são cerca de mil clientes em multimarcas em 31 países e há ainda nove franquias fora do Brasil.

Fonte: O Estado de S. Paulo - 22/06/08

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