Arnaldo Rabelo

23 junho 2008

Cosmético natural dispara no exterior

A indústria de cosméticos brasileira descobriu um grande filão entre seus produtos que agrada os consumidores externos, principalmente os europeus e norte-americanos: os itens formulados com insumos e ativos naturais e de base vegetal. Num movimento jamais visto no setor, empresas pequenas, médias e as maiores do ramo investem firme para ter produtos com esta cara em sua linha. Algumas, como a Natura, precursora na área, têm intensificado a mudança da composição química de vários lançamentos por outra mais natural.

Nos últimos cinco anos, grande parte das exportações de cosméticos produzidos no País, muitos deles formulados com ativos e insumos provenientes de base vegetal, alcançou crescimento acumulado de 165%, correspondendo à soma de US$ 537,5 milhões, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). Um crescimento que eleva ainda mais a importância de um setor com taxas de crescimento maiores do que as do próprio setor industrial brasileiro. De 1997 a 2007, enquanto a indústria cresceu 39,7%, cosméticos aumentaram 245,5%. São números que conferem ao Brasil a fama de maior fornecedor de cosméticos de origem natural em mais de 130 países.

De acordo com a Abihpec, o carro-chefe das exportações brasileiras vem sendo os produtos fabricados a partir de frutas, sementes e outros ingredientes naturais. O interesse por insumos. advindos da Amazônia é ainda maior entre os estrangeiros.

A Amazônia Viva, empresa brasileira que exporta 50% de sua produção para a França, atesta a tendência por cosméticos com o diferencial de serem fabricados a partir de insumos amazônicos. Segundo a diretora-geral Maria Cristina Gomes Ferreira, o comprador europeu e norte-americano já possui há alguns anos uma predileção por produtos de base natural.

"Há cinco anos iniciamos o desenvolvimento da Amazônia Viva focando este nicho de mercado específico. Foi preciso desenvolver uma linha de ponta, que aliasse qualidade e benefício comprovados, o que pode se traduzir em um preço maior. No entanto, isso não afeta as vendas porque o estrangeiro não se importa em pagar mais." O crescimento foi de 50% de 2007 para 2008 e a expectativa é a de que ele dobre novamente no próximo ano, de acordo com Maria Cristina.

Outra nova empresa, fundada na onda dos produtos de base vegetal, é a Phytophilo, pertencente à também nacional Very Imported. Cerca de 30% do que é produzido no ano é comercializado no exterior, em países como Inglaterra, Itália, Portugal, Dubai, Estados Unidos e Grécia. De acordo com a diretora comercial, Adriana Mendes, a esperança é fechar 2008 com 50% da produção para o mercado externo. "A concorrência é muito grande entre as empresas brasileiras, tanto aqui, quanto lá fora. Para se destacar, é preciso ter um diferencial, que hoje é o de produtos feitos com insumos e ativos de base vegetal", explicou Adriana.

Precursora no processo de inclusão de ingredientes naturais nos cosméticos, a Natura aposta fortemente nessa direção, tanto ao mercado interno e para exportação. O álcool utilizado nas fragrâncias foi substituído pelo orgânico e grande parte dos produtos, como sabonetes e cremes hidratantes, é fabricado a partir de sementes, flores e frutas.

O foco da Natura no exterior é a América Latina, região que receberá em 2008 aportes de R$ 97 milhões. Em mercados que já estão consolidados, como Argentina e Chile, a receita bruta foi de R$ 39 milhões no primeiro trimestre de 2008, com crescimento de 19,9% e em mercados em implementação, como México e Colômbia, o valor foi de R$ 8,7 milhões, contra R$ 3,7 milhões em mesmo período. No primeiro trimestre de 2008, a Natura apresentou lucro líquido total de R$ 94,2 milhões, 0,7% a mais do que em igual período de 2007.

Conhecida no Brasil pela forte identificação com a natureza, a empresa O Boticário possui atualmente 70 lojas e 1000 pontos de venda espalhados por 20 países ao redor do mundo, que contribuem para o alto faturamento anual. Em 2007, faturou R$ 832 milhões; para 2008, a expectativa é de R$ 1 bilhão.

Realidade que a Aroma do Campo, empresa sediada em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, comprova. Segundo o gerente de Marketing, Pedro Buriti, a renda das classes B e C, alvos da empresa, aumentou consideravelmente, o que ajudou a fabricante de cosméticos a atingir 30% de crescimento em 2007. "O controle da inflação e o aumento do crédito contribuíram bastante para o nosso lucro no ano passado. A demanda reprimida nesse setor da população é altíssima e temos expectativas grandes para os próximos anos. Em 2008, a empresa espera repetir o bom índice de 2007", afirmou.

Fonte: DCI - 23/06/08

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pela excelente matéria! É uma grande oportunidade para o Brasil, firmar-se no exterior como um dos maiores exportadores de cosméticos 100% Naturais. As pequenas e médias empresas podem aproveitar este momento, até mesmo pela demonstração publica das grandes nas suas alterações, e abraçarem a oportunidade. Acredito que as novas pequenas empresas que não fugirem do foco "Cosmético Natural", só terão a ganhar. Adailton D. Silva

Anônimo disse...

Bom, com certeza a Natura vende muiito no exterior. Pena que não remunera seus contratados de uma maneira digna. E além disso, ainda dificulta a venda. Não é fácil trabalhar pra Natura. Eles cobram juros astronômicos, restringem o profissional de vendas a galgar coisas maiores, como vendas para clientes fora do Brasil, por exemplo. Você se vê com grandes oportunidades de vendas, mas não pode vender, porque é controlado por pontuação pela empresa. Além disso,se vc atrasa o pagamento da fatura, se um ou outro cliente não te paga, a empresa não libera seus pontos. Você fica preso a pontuação sem poder vender, e dificultando mais ainda a quitação do seu débito com a empresa. E TEM MAIS: os problemas entre natura e bancos na hora de pagar. Você faz o pagamento, depois a natura diz que o dinheiro não entrou no sistema da empresa, e o banco diz que não foi pago. É essa a realidade de quem trabalha com Natura. É muito difícil para quem está começando. Eles restrigem tudo. Essa a verdade. Uma empresa tão grande, com um poder economico tão grande, e explora o povo que precisa trabalhar. E trabalha sem nenhum direito. É exploração mesmo. O pior é que ninguém fala nada.
É triste a realidade....