Arnaldo Rabelo

25 janeiro 2008

Estratégia da Arezzo S.A. é ter um grupo de marcas complementares

No final de 2007, vimos que 25% da Arezzo S.A., holding que agora engloba as marcas de calçados e acessórios Arezzo e Schutz, foram vendidos ao fundo de investimento Tarpon All Equities, da gestora de recursos Tarpon.

Uma matéria do Valor Econômico mostra a estratégia de expansão das marcas. Veja abaixo:
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Alexandre Birman, que até agora era dono da Schutz, será o responsável pela internacionalização da nova Arezzo. No dia em que foi sacramentado o negócio com a Tarpon, havia acabado de chegar da China, onde a Arezzo pretende abrir 300 lojas até 2016. Para a empreitada, associou-se ao grupo chinês Prime Success, que além das marcas próprias representa na China a Adidas. A princípio, os sapatos serão exportados.

"Podemos estar meio na contramão do câmbio, mas nossa filosofia não é fazer parte do lugar comum. Queremos superar essa questão com o design", diz Anderson Birman, fundador da Arezzo e pai de Alexandre. Ele admite que o real valorizado pode ser ruim para as exportações, mas é bom para investimentos de empresas brasileiras no exterior. E a internacionalização é um dos principais focos da Arezzo. Nos próximos cinco anos a empresa pretende ter no exterior o mesmo número de lojas do Brasil. Hoje, a Arezzo tem lojas na Venezuela, Uruguai, Paraguai e Portugal. No primeiro semestre de 2008 a posição na América do Sul será consolidada com a abertura de pontos de venda na Argentina e no Chile. A estratégia para a Schutz é diferente. A marca é vendida em lojas multimarcas em 50 países.

Apesar da união da Arezzo e da Schutz na Arezzo SA, as duas marcas serão trabalhadas como negócios separados e um dos objetivos da associação é ter ganhos de sinergia nas cadeias de suprimento, desenvolvimento, produção e logística. A fábrica própria da Schutz, por exemplo, localizada em Campo Bom (RS), passa a atender o grupo. A Schutz terá como foco sapatos na faixa média de preço de R$ 250. A Arezzo, de R$ 150.

Embora fossem controladas por pai e filho, Arezzo e Schutz eram até agora negócios totalmente separados. Alexandre começou a trabalhar com calçados aos 15 anos e aos 18 resolveu ter seu próprio negócio. "Aprendi muito desde então, levei muita cabeçada. Mas se tivesse ficado com meu pai, talvez tivesse agregado muito menos ao faturamento do grupo do que agora agrego com a Schutz", diz Alexandre, o primogênito dos quatro filhos de Anderson - os outros são Patrícia, de 24 anos (que já trabalha na Arezzo), Allan, de nove anos, e André, de quatro meses.

A Arezzo tem vendas anuais de R$ 220 milhões. A Schutz, de R$ 120 milhões. Juntas, formam um grupo com faturamento bruto de R$ 341,6 milhões e vendas de 4,4 milhões de pares de sapatos. O tamanho da Schutz garantirá a Alexandre uma participação de cerca de 28% na Albir SA, holding da família Birman que permanecerá com 75% da Arezzo SA. A Tarpon pagou R$ 76,32 milhões pelos outros 25%. Parte do investimento da gestora de recursos será feito via aumento de capital e parte com a compra de ações já existentes.

A Tarpon terá participação ativa na gestão da Arezzo, indicando membros do conselho e da diretoria. Anderson Birman será presidente do conselho de administração e presidente executivo. Alexandre, vice-presidente executivo e do conselho. "A associação com a Schutz resolveu a sucessão na Arezzo", diz Anderson.

Segundo Pedro de Andrade Faria, diretor de private equity da Tarpon, a Arezzo SA será uma consolidadora da área de varejo de moda. A empresa comprará outras marcas, atuando em nichos complementares. "É assim que os grandes grupos internacionais funcionam hoje, como um guarda-chuva de marcas. O pilar deixou de ser a produção e passou a ser o design, a distribuição", diz Faria.

O modelo é o mesmo adotado pela Pactual Capital Partners, empresa de investimento dos sócios do Pactual que comprou a Ellus e que, segundo o Valor apurou, chegou a sondar a Arezzo, assim como a GP Investimentos.

Nos últimos meses, vários grupos financeiros têm feito investimentos no varejo de moda. A Artésia, por exemplo, comprou a Le Lis Blanc. E a Osklen negocia com vários grupos. É o setor financeiro que, definitivamente, se rendeu ao mundo da moda.

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