Arnaldo Rabelo

11 outubro 2007

Sua estratégia pode ser... continuar pequeno

Grande parte das micro e pequenas empresas brasileiras não definem estratégias de longo prazo. Seus administradores dedicam boa parte do tempo às urgências do aqui e agora – especialmente o pagamento de contas, sempre elas. "Enquanto isso, o mundo continua evoluindo e a companhia acaba ficando para trás", constata Belmiro Valverde, professor do doutorado em Administração da PUC do Paraná e do mestrado em Organizações e Desenvolvimento da FAE Business School, de Curitiba.

Atento à realidade de empresas desse porte, ele acaba de lançar “Tamanho não é documento: estratégias para a pequena e a microempresa brasileira”. No livro, Belmiro aborda uma das principais dúvidas estratégicas que se apresentam aos pequenos empresários: crescer ou permanecer pequeno? “Existe uma mística do crescimento. As empresas acreditam que crescer é prosperar. Nem sempre isso é verdade”, alerta. Os gestores precisam saber avaliar quando é mais interessante buscar uma operação em larga escala e quando a grande vantagem está exatamente em permanecer pequena. “Há casos de empresários que, ao expandir seus negócios, perderam a intimidade com o cliente. Assim, acabaram com o seu diferencial. Resultado: quebraram”, exemplifica.

Falar em micro e pequena empresas é o mesmo que falar no próprio empreendedor, pois ele centraliza quase todas as decisões. Por isso, Belmiro escreve que o essencial para o gestor é desenvolver a capacidade de pensar estrategicamente – e cita alguns caminhos para chegar lá, como manter-se atualizado, ler bastante e freqüentar feiras de negócios. “Com esses conhecimentos, as decisões que o empreendedor vai tomar serão mais rápidas e as ações, focadas e ágeis”, avalia o professor, apoiando num raciocínio muito simples. É que, quando o pequeno empresário investe em si mesmo, está investindo na empresa. E, diferentemente das grandes corporações, onde a burocracia medeia os processos, a dinâmica da empresa depende muito mais dele do que de qualquer outra pessoa.

Decidido a fazer do seu próprio livro um exemplo, Belmiro idealizou um sistema de vendas por meio de sua página na internet. Assim, contornou a falta de distribuidoras de alcance nacional na cidade onde mora, Curitiba, e divulgou e vendeu seu livro para cidades tão distantes quanto Manaus. “Já que o livro é sobre pequenas e micro empresas, quis mostrar que uma tentativa de fazer um micro negócio a partir do livro funcionaria”, conta o empreendedor. Apesar de ter sido lançado oficialmente em outubro, a obra está sendo vendida desde julho. Pelo site, foram comercializados 220 exemplares e, nas livrarias, 150.

Revista Amanhã - 09/10/07

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