Arnaldo Rabelo

05 fevereiro 2007

Apelo ecológico movimenta indústrias de vários setores

Indústrias de diferentes setores ampliam negócios com a onda de conscientização ecológica. A confecção de roupas infantis Pistache& Banana inicia a exportação para o maior mercado consumidor do mundo, os Estados Unidos, além de França e a África do Sul suportada pelo algodão ecológico e pelas fibras de garrafa PET (Poli Tereftalato de Etileno) reciclada, enquanto o setor têxtil acumula seguidas quedas de exportação. A fabricantes de embalagens de polipropileno e polietileno, Poli Blow, descobriu uma nova fórmula, semelhante às matérias-primas, mas cuja decomposição é iniciada em cinco anos apenas vê pela frente um cenário melhor ao iniciar negociações com grandes multinacionais.

A divulgação de temas ligados à sustentabilidade no último São Paulo Fashion Week pode finalmente fazer com que a Mossi & Ghisolf (M&G) comece a receber pedidos da Alya Eco, fibra para tecidos finos de PET reciclado. Cerca de 34% das garrafas plásticas recicladas, 174 mil toneladas por ano, de acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias de PET de 2005, tornam-se fibras têxteis no Brasil. Mas a maioria é destinada à fabricação de não-tecidos, tecidos técnicos e profissionais, como carpetes.

“O que fizemos foi criar uma fibra fina para que PET reciclado seja usado pela indústria de moda, sem demérito qualquer para outras fibras. Mas isso foi em 2001 e o volume vendido ainda não é significativo”, explica Luiz Bittencourt, gerente Comercial da M&G fibras e resinas. Para ele, este ano houve uma mudança importante para o futuro da Alya Eco, ao invés da apresentação da fibra pela própria companhia, marcas consagradas no mundo da moda, como Fause Haten, apresentam as primeiras peças nas passarelas com a “fibra reciclada”. “Não somos mais nós empurrando a novidade, mas o mundo da moda demonstrando sua aplicação”, afirma Bittencourt.

Essa é a fibra utilizada pela Pistache&Banana, alem de algodão livre de agrotóxicos — em toda a linha — obtida por meio de um acordo com pequenos agricultores do interior do Paraná que recebem pela produção 50% a mais sobre o valor de mercado do algodão. “Trabalhamos sob o conceito de comércio justo que prega, entre outras coisas, a sustentabilidade da produção e a remuneração justa para fornecedores de matéria-prima”, explica Juliana Paffaro diretora da confecção.

O apelo á consciência do consumidor tem feito com que a confecção tome espaço na fábrica em Santa Bárbara do Oeste (SP) de outra marca tradicional com quem divide a capacidade produtiva da planta e que fornece para grandes redes como Renner e C&A.

Em sua segunda coleção, a Pistache&Banana estima que o mercado doméstico demande 40 mil peças este ano. “Para os EUA deveremos mandar um volume bastante significativo”, explica ela “lá o conceito de comércio justo já é bastante disseminado”. Na semana que vem, a diretora da companhia vai para a França onde participará da feira Kids Fashion, uma das maiores feiras infantis da Europa. “Acreditamos no potencial de vendas na Europa onde existe o conceito de consumidor consciente”, diz Paffaro. Até agora, a confecção infantil exportou para o país 5 mil peças por meio da distribuição da cadeia Fair World. Durante uma feira em São Paulo, um executivo da África do Sul não só resolveu distribuir a marca no país como há interesse em abrir uma franquia. “Me surpreendi com o nível de conscientização e interesse dos sul-africanos”, diz Juliana.

Assim como a idealizadora da Pistache&Banana, o diretor de Marketing da Poly Blow, David Pulido, descobriu a nova resina que possibilita o início da degradação de embalagens em 5 anos em uma viagem fora do Brasil. Vem do Canadá a matéria-prima para a fabricação da Poli Bio.
Enfrentando problemas para exportar, a fabricante de embalagens que tem como clientes multinacionais como Merial, Byer e Fortdodge á fechou acordo de fornecimento do Poly Bio para a Brascola e guarda resposta de tantas outras, que prefere manter em sigilo, sobre a adoção da embalagem. “Imagine convencer a matriz de uma multinacional que uma embalagem brasileira é única e realmente pode degradar-se em 15 anos, eles estão fazendo os testes por conta própria”, afirma Pulido. A empresa, com 140 funcionários, atende 90% dos frascos para vacina de febre aftosa vendidos no Brasil, venceu o prêmio da Organização Mundial de Embalagem este ano na categoria House & Hold, depois de ficar com o troféu do Prêmio Abre de Design & Embalagem, em Ecodesign.

Fonte: DCI

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