Arnaldo Rabelo

28 setembro 2006

Marcas de tênis estão cada vez mais fashion

Após as gigantes, Umbro e Diadora investem em linha casual para ampliar seus negócios. O mercado de artigos esportivos assiste a uma diversificação de marcas no disputado universo fashion, antes concentrado nas mãos das gigantes como Nike, Puma e Adidas. Umbro e Diadora, por exemplo, planejam ampliar a participação de suas linhas de moda casual em seus faturamentos do próximo ano. A italiana Diadora lançou sua coleção Heritage, em estilo retrô, no primeiro semestre deste ano e refez as contas para cima: os negócios envolvendo a linha, hoje responsáveis por 22% da receita, ajudarão a marca a crescer 25% em 2006. Para o ano que vem, a previsão inicial é de que os produtos da Heritage atinjam a parcela de 30% do faturamento.

"O mercado está mais diversificado. Não é mais como quatro anos atrás", afirma o diretor de marketing da Puma, José Couto. Há quatro anos, aliás, a marca que tem um felino como símbolo retornou ao País, com foco justamente no universo fashion. "Não é uma transformação fácil. A Puma (mundial) levou dez anos para alcançar o estágio atual", diz o executivo, ao acrescentar que a previsão para este ano é de aumento de 20% nas vendas em solo brasileiro. "Embora seja pequeno se comparado com Estados Unidos e Europa, o mercado nacional tem potencial de crescimento", comenta José Couto.

"Há uma intersecção entre moda e esporte, com marcas esportivas atuando no mundo fashion e vice-versa", avalia o gerente-geral da Umbro no Brasil, Paulo César Verardi. Atualmente, a Umbro comercializa no País a linha casual Black Leopards, representa 10% do faturamento da marca inglesa no País. "A Umbro mantém seu foco em produtos de performance para futebol. Entretanto, existe um direcionamento internacional de trabalhar com itens inspirados no esporte, porém com apelo fashion", diz Verardi. Alinhada a essa estratégia, a marca lançará no Brasil no começo de 2007 a coleção U by Umbro, criada pelo estilista britânico Philip Treacy e à venda atualmente em cinco países da Europa.. A Umbro, aliás, já havia trabalhado com o designer Kim Jones. A expectativa é de que a chegada da coleção U by Umbro puxe em cinco pontos percentuais a participação do segmento casual na receita da marca no próximo ano. Para 2006, a projeção de faturamento aponta para R$ 100 milhões, uma alta de 20% em comparação com o ano passado. "O futebol é fashion. David Beckham, por exemplo, é formador de opinião em relação à moda", acredita o diretor da Umbro.

A Diadora, por sua vez, já havia feito uma primeira incursão no universo fashion em 2001. "Esse nicho não estava consolidado e a marca sozinha não tinha força para uma nova tendência", informa o diretor de marketing da Diadora, Luis Maia. O executivo afirma que a estratégia voltou à tona com a chegada de um presidente mundial da marca, no ano passado.

A linha Heritage começou a ser vendida no início deste ano e registrou crescimento superior a 100%, segundo Maia. "O preço médio é o dobro, com produtos feitos com materiais diferenciados. Hoje, a coleção corresponde a 22% do faturamento da Diadora", diz o executivo. Somente em tênis são 50 modelos, vendidos em 1,5 mil pontos-de-venda no País. "O tênis, assim como o jeans, se transformará em um item de glamour", avalia o diretor da Diadora. Para Maia, no caso de moda casual o preço não é tão decisivo na hora da compra. "São consumidores adquirem de 4 a 6 pares de tênis por ano", afirma o executivo. Além dos calçados, a coleção retrô da marca italiana também inclui confecção. Esta linha, aliás, foi inspiradas nos estádios de futebol do mundo, por conta do mundial de 2006.

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