Serviços, indústria e consumo encolhem; Dilma estuda conceder novos incentivos
A
economia brasileira parou de crescer no terceiro trimestre e fez o
governo reduzir a previsão de crescimento do PIB (soma dos bens e
serviços do país) em 2011 de 3,8% para 3,2%. A estagnação foi recebida
com alívio, pois temia-se uma retração.
Só a agropecuária teve
ganho; serviços e indústria encolheram, e o consumo das famílias caiu
0,1%, primeira queda desde a crise de 2008.
Estatísticas
divulgadas ontem pelo IBGE mostram que a atividade econômica ficou
estagnada entre julho e setembro, depois de crescer 0,7% no trimestre
anterior.
A atividade se contraiu na indústria, que perde fôlego
há meses, e nos serviços, setor mais dinâmico da economia na primeira
metade do ano. Somente a agropecuária continuou crescendo.
O
fraco desempenho foi resultado das decisões tomadas pelo governo no
início do ano para conter a inflação, num momento em que a economia
brasileira estava superaquecida e os preços pareciam fora de controle.
Para
combater a inflação, o Banco Central restringiu a oferta de crédito e
aumentou as taxas de juros, medidas cujos efeitos só começaram a se
fazer sentir com mais força nos últimos meses.
Também contribuiu
para a freada da economia a decisão do governo de conter despesas e
reduzir investimentos. Mais recentemente, o pessimismo gerado pela crise
na Europa fez empresários e consumidores desanimar.
Segundo o
IBGE, o consumo das famílias diminuiu 0,1% no terceiro trimestre. É a
primeira vez que o consumo sofre uma contração desde a crise mundial de
2008. Os investimentos do governo caíram 0,7%.
Bancos e
consultorias reviram suas projeções após a divulgação dos números do
IBGE e agora preveem que o país crescerá 3% ou menos neste ano. No
início do ano, os economistas esperavam uma taxa de 4,5%.
A
maioria acredita que a economia começará a se recuperar neste fim de
ano, mas lentamente. As projeções apontam para uma expansão de no máximo
0,5% no último trimestre do ano.
"Houve uma desaceleração
importante e uma mudança até da estrutura do que vinha acontecendo
anteriormente", disse Rebeca Palis, gerente da área do IBGE responsável
pelo PIB.
O BC começou a reduzir os juros em agosto, o governo
removeu restrições à oferta de crédito e baixou medidas para estimular o
consumo de eletrodomésticos.
Mas essas medidas devem demorar
para produzir resultados, segundo os economistas, e a recuperação só
deverá ganhar força no segundo semestre do ano que vem.
"O
governo se antecipou à piora da crise e cortou juros, mas o impacto na
economia leva tempo e deve ser gradual", afirma a economista Fernanda
Consorte, do banco Santander.
O aumento do salário mínimo, que
terá um reajuste de cerca de 14% em janeiro, também deverá contribuir
para aumentar o consumo, mas ninguém espera que o país volte a crescer
tão rápido como no ano passado.
"O emprego vai crescer mais
devagar e o salário não seguirá no mesmo ritmo deste ano", diz
economista Armando Castelar, da Fundação Getúlio Vargas. Ele prevê que
as incertezas provocadas pela crise externa continuarão a deprimir os
investimentos e o consumo.
Fonte: Folha de S. Paulo - 07/12/2011
Arnaldo Rabelo
07 dezembro 2011
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