Arnaldo Rabelo

07 junho 2009

Consumo terá reforço de R$ 100 bi

Quase R$ 100 bilhões em recursos extras deverão ser injetados no consumo dos brasileiros neste ano, especialmente no segundo semestre. Esse dinheiro, proveniente do aumento da massa de rendimentos e da ampliação da oferta de crédito, viabilizada pela queda dos juros, deverá transformar a demanda doméstica no motor da recuperação da economia prevista para o segundo semestre.

A retomada do mercado interno deixa para trás o cenário de recessão técnica, marcado por dois trimestres consecutivos de queda do Produto Interno Bruto (PIB), que vai ser confirmado terça-feira pelo IBGE. Projeções do mercado indicam queda entre 3% e 0,75% do PIB no primeiro trimestre, segundo a Agência Estado. No último trimestre de 2008, o PIB caiu 3,6% em relação ao trimestre anterior. Nesta semana, além de ser conhecido o PIB do primeiro trimestre, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne e deve anunciar um novo corte na taxa básica de juros (Selic), o que deve contribuir para a recuperação da economia. Desde o início do ano, a Selic já caiu 3,5 pontos porcentuais, para 10,25% ao ano. Os efeitos desse corte nos juros devem ter impacto maior na atividade no segundo semestre. "Leva ao menos seis meses para que as reduções na Selic comecem a repercutir", diz Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados.

A queda dos juros abre espaço para a ampliação da oferta de crédito e o alongamento dos prazos ao consumidor. Nas projeções da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a oferta de financiamentos para pessoas físicas deve crescer R$ 54,5 bilhões este ano, que correspondem a um aumento de 20% no saldo de dezembro de 2008. Desse total, R$ 40,3 bilhões deverão ser injetados na economia de maio a dezembro.

"Há perspectiva de aceleração da oferta de crédito para o segundo semestre", diz Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac. "A queda na Selic e a inadimplência controlada deixam os bancos mais confortáveis para emprestar."

Sozinha, a queda dos juros não tem força para dar grande impulso à demanda. Estudo da MB indica que a massa de renda real das famílias deve ter acréscimo de R$ 42,9 bilhões em 2009. Desse total, R$ 26,6 bilhões virão dos cofres do governo. Isso inclui o reajuste do funcionalismo, o aumento do salário mínimo e a ampliação do Bolsa-Família. "A maior parte do reajuste do funcionalismo está programado para junho e o Bolsa-Família vai incorporar 500 mil famílias em agosto e 500 mil em outubro, além de ter aumentado o valor do benefício", diz Vale.

O varejo já faz contas de quanto vai expandir os negócios. "Estamos otimistas", diz Valdemir Colleone, diretor de R elações com o Mercado da Lojas Cem. "O nosso faturamento do segundo semestre deve crescer 8%."

Fonte: O Estado de S. Paulo - 07/07/09

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O tom otimista desta matéria contrasta com a notícia que saiu logo depois, de que o Brasil entrou em recessão técnica (2 trimestres seguidos de diminuição do PIB). No entanto, esta última matéria mostra que o setor de serviços cresceu. Esse resultado ficou acima (melhor) que as projeções mais recentes do mercado. O governo está adotando medidas adicionais de incentivo à economia. Delfim Netto diz que haverá "recuperação razoável" até 2010. Segundo técnicos do governo, "
o PIB de outubro a dezembro de 2009 deverá ter crescimento de 4% a 5%, o que levaria o ano a fechar com uma taxa de expansão de zero a 0,5%". O mercado prevê queda anual no PIB da ordem de 1% para este ano.

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