Arnaldo Rabelo

28 março 2009

Audi quer usar crise para ganhar terreno

Montadora aposta em mercados emergentes para aproveitar momento delicado para indústria automobilística

Em meio à crise mundial, enquanto muitas empresas da indústria automobilística passam por graves dificuldades financeiras, a Audi quer aproveitar para ganhar participação no mercado internacional e crescer em países emergentes. Neste contexto, o Brasil é uma das principais apostas da montadora alemã de carros de luxo, subsidiária da Volkswagen.

A ânsia por crescimento se justifica pelos bons números do fechamento do ano passado. “2008 foi o 13° ano consecutivo em que a Audi teve lucro recorde. No mundo, mais de um milhão de carros foram vendidos”, afirma Peter Schwarzenbauer, vice-presidente mundial de vendas e marketing da Audi. O ganho da empresa em 2008 foi de 2,7 bilhões de euros.

“Esses números nos colocam em uma posição privilegiada frente aos nossos concorrentes para enfrentarmos a crise. Nós mantemos os mesmos planos de antes da crise. De 2009 a 2015, iremos investir 2 bilhões de euros por ano na produção de novos produtos”, diz.

“A Audi acertou nos últimos anos ao ser conservadora em aumentar sua capacidade de produção e agressiva ao investir em novos veículos. Agora é o momento de ganhar participação e sair mais forte da crise”, completa Paulo Sérgio Kakinoff, que acaba de ser nomeado presidente da companhia no Brasil.

A crise teve um grande impacto no segmento de luxo da indústria automobilística. O Grupo Tata, que lançou nesta semana o Nano, o carro mais barato do mundo, comprou no ano passado as marcas Jaguar e Land Rover da Ford, por US$ 2,3 bilhões. Em fevereiro deste ano, Fiat e Chrysler anunciaram sua fusão.

Para tirar proveito do momento delicado, até 2015, a Audi pretende lançar 40 novos produtos e consolidar-se como a líder no segmento de carros de luxo. No primeiro bimestre de 2009, pela primeira vez, a Audi passou à frente da BMW e da Mercedes na Europa. No país, a marca está hoje na terceira posição.

“O Brasil é muito importante estrategicamente para nós”, afirma Schwarzenbauer. Com o mercado europeu e Estados Unidos saturados, os números de início de ano no país ilustram bem a sua relevância para a marca. As vendas brasileiras cresceram 12% em janeiro e 28% em fevereiro.

“Em março, estamos caminhando bem rumo a um novo recorde em número de emplacamentos. Como Warren Buffet disse, quando a maré baixa, vemos quem estava sem sunga”, diz Jan Ebersold, CFO da Audi no Brasil. Nos dois primeiros meses do ano, foram vendidos 387 carros no Brasil. Em 2008, as vendas da marca foram de 1.427.

Em 2009, as vendas de carros de luxo no país devem chegar a 10 mil unidades. Para abocanhar uma fatia maior do mercado, a Audi irá aumentar sua presença no país. Ainda em março, ela ganha representantes no Rio de Janeiro e a partir de abril em Brasília e Goiás.

De olho nas classes um pouco menos abonadas, a Audi lançará no país, no segundo semestre de 2011, o A1. O carro é um pouco menor do que os outros modelos da linha e um pouco mais barato. O veículo, que será fabricado em Bruxelas, na Bélgica, ainda não teve o preço definido.

Enquanto o A1 não chega, estão previstos para estrear neste ano no Brasil os modelos Q5, em abril, TTS, no primeiro semestre, e S3, no segundo semestre. A Audi também já confirmou sua participação no Salão de Automóveis deste ano. Em 2008, a montadora não compareceu ao evento.

O Brasil está na 37ª posição no ranking mundial da Audi, com vendas de 2 mil veículos por ano. O desempenho é o mesmo da Índia, mas bem atrás dos outros países do Bric, como a Rússia, com 18 mil, e a China, com 120 mil. O gigante asiático é o segundo país em vendas da empresa depois da Alemanha.

Sucessão
Em mais um sinal da importância crescente do Brasil para a empresa, pela primeira vez na história da Audi no país, um brasileiro assume o cargo de presidente da empresa para as operações nacionais.

Paulo Sérgio Kakinoff, de 34 anos, nascido em Santo André, trabalhava desde seus 18 anos na Volkswagen. Ele agora deixa o cargo de diretor executivo do Grupo Volkswagen América do Sul para assumir a presidência da Audi.

Fonte: Época Negócios - 27/03/09

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