Arnaldo Rabelo

17 novembro 2008

Quem tem medo da crise econômica destacada na mídia também teme ir às compras

A McCann Erickson acaba de divulgar parte dos dados de uma pesquisa que se destina a entender o comportamento dos consumidores de classes C e D em sete países da América Latina. A íntegra da compilação das informações levantadas somente será revelada entre dezembro e janeiro próximos, pois, neste momento, tornam-se públicas apenas algumas das percepções colhidas entre brasileiros.

Em “Retrato da crise: as classes C e D em estado de alerta”, resultado da investigação feita pelo instituto de pesquisa Data Popular, foi analisada, detalhadamente, a postura da classe média diante da crise econômica. O estudo revela que, apesar de ainda não existir um grande sentimento de turbulência com relação à economia, há muita preocupação com a questão. A ampla cobertura da crise pela mídia é a responsável, segundo a análise, pelo público acreditar que, em breve, essa situação afetará a vida dos cidadãos. Eles ainda não sentem os efeitos da crise no seu dia-a-dia, no entanto, quando a situação econômica vira o tema da conversa, 20,7% das pessoas se consideram muito preocupadas; 45,5%, preocupadas; e 56% acreditam que o País será muito afetado pela instabilidade econômica.

"A idéia de crise induz as pessoas a adiarem compras e investimentos”, afirma Aloísio Pinto, vice-presidente de planejamento da McCann Erikson, enfatizando que esse comportamento já é visível: 61% dos respondentes já consideram a hipótese de deixar planos e projetos para depois.

Para mais de 70% dos entrevistados, uma boa opção, durante a crise, é migrar para outros pontos-de-venda em busca de melhores preços, bem como banir produtos mais caros e/ou usá-los menos vezes. Além disso, 60% dos respondentes afirmam que irão limitar o deslocamento para fazer as compras e substituirão marcas. Também foi detectado que 50% dos pesquisados pretendem reduzir gastos com lazer, vestuário, uso de cartão de crédito e celular.

O avant-première dos novos hábitos de consumo pode ser o Natal, que terá mais lembranças do que presentes, férias melhor pensadas e muita renegociação. No entanto, “grande percentual dos entrevistados não vai mexer radicalmente no jeito de festejar a data”, prevê Aloísio Pinto, acrescentando que, como a crise ainda não é “contundente”, o comportamento mais retraído em gastos não deve se acentuar demasiadamente neste fim de ano.

Para passar pela crise, os brasileiros esperam que as marcas criem embalagens mais econômicas, como declarado por 30% da amostra; ofereçam ofertas especiais (29%); e forneçam mais informação sobre os produtos para que se possa escolher melhor (23%). O que as pessoas querem, como resume o vice-presidente da agência, “é muita criatividade e flexibilidade das empresas”.

O estudo mostra, portanto, que a conjuntura econômica está trazendo novos hábitos e expectativas para esses consumidores, que, apesar de ainda não tomarem medidas drásticas em decorrência da crise, já se preparam para enfrentá-la.

Foram questionadas, no Brasil, 618 pessoas economicamente ativas, de capitais e cidades com mais de 200 mil habitantes nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, na faixa de 24 a 60 anos e com renda familiar entre R$ 607,00 e R$ 3.033,00.

Margem de erro: 4%.

Fonte: Portal da Propaganda - 13/11/08

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