Arnaldo Rabelo

20 novembro 2008

60% das empresas mantêm investimentos

Uma pesquisa feita durante o Seminário Lide, realizado no dia 11 de novembro, em São Paulo, mostrou que, apesar do discurso corrente de que é preciso enfrentar a crise aproveitando as oportunidades que ela cria, os executivos parecem cautelosos quanto aos reflexos dos problemas da economia mundial.

De acordo com o levantamento, 17% deles acham que os planos de investimentos de suas empresas estão sendo ampliados, enquanto 23% acreditam que as companhias estão reduzindo os investimentos. Para 60% deles, os recursos continuam os mesmos.

"Atitudes positivas para enfrentar a crise" foi o tema do seminário, que contou com a presença de profissionais do mercado publicitário, executivos de grandes empresas e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

A pesquisa também mostrou que os impactos no setor de atuação deles já começaram para 73% dos entrevistados, mas estão moderados para 57% e intensos para 16% dos que responderam.

Sobre a rentabilidade das companhias, 58% disseram que acreditam que serão mantidas, 27% que vai diminuir e 15% que irá ampliar.

A principal preocupação das empresas é a redução de crédito (67%) e o câmbio estável (45%). Segundo a pesquisa, os executivos esperam demissão em 15% das empresas. O índice é o mesmo para companhias que devem empregar. O quadro de funcionários deve ser mantido em 70% das empresas.

O evento foi organizado pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais) e pela Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade). Esta foi a primeira vez que a associação de agências participou de um seminário do grupo de empresários presidido por João Dória Jr. "O evento foi de extrema valia. Não me lembro de outra reunião com tanta conversa franca", falou Dalton Pastore, presidente da Abap.

Quem abriu o ciclo de painéis foi o empresário Jorge Gerdau. O presidente do Conselho do Grupo Gerdau disse que a situação do Brasil está muito melhor que a de outros países para enfrentar a crise. "Dificilmente algum outro país no mundo tem uma estrutura igual a do Brasil, mas a crise é global", analisou.

As opiniões apresentadas foram debatidas pelo presidente da Nestlé, Ivan Zurita, pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e pelo ex-ministro do Planejamento, Pedro Parente. "Eu gosto da crise. A única vantagem da crise é que vamos sair muito melhor", disse Parente. "Essa crise é da emergência dos emergentes", destacou Mercadante.

O segundo painel do dia tinha como tema "O papel da comunicação para vencer a crise e fortalecer o mercado" e foi apresentado pela presidenta do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano. Ao apresentar o painel, Dalton Pastore chamou a atenção para a importância da comunicação. "Se no momento de dificuldade de mercado a comunicação não puder ajudar, quem pode?", questionou.

Luiza contou que a comunicação é muito importante na sua empresa. "A gente tinha medo de vir para São Paulo. Nosso concorrente é o maior anunciante do País. No intervalo dele tem o 'Jornal Nacional', mas há 15 anos investimos em pessoas e fizemos marketing disso para ficar conhecidos", falou ao contar que a comunicação divulgou a contratação dos funcionários.

Jairo Leal, VP da Editora Abril, também participou do painel. "A cautela é importante, mas o excesso dela pode levar as empresas a deixarem seus clientes a experimentar o produto do concorrente", disse.

O crescimento do mercado digital foi lembrado pelo presidente do Terra. "É o momento de buscar eficiência, não é o momento de não comunicar. A vantagem é que os meios digitais permitem conhecer os clientes", falou. "Sempre me perguntam o que a propaganda pode fazer pela crise. Minha resposta é, depende do empresário. No pior ano da economia brasileira, houve empresas que cresceram mais de 10%", disse Julio Ribeiro, presidente da Talent.

O ciclo de palestras foi encerrado com a apresentação do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que falou sobre "Atitudes e medidas para enfrentar a crise global". "Em comparação com a crise de 29, a diferença é que não estão se repetindo os erros. Naquela época o FED usou a retração. Hoje os Bancos Centrais usam política agressiva de liquidez", falou.

Fonte: Propmark - 19/11/2008

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