Pesquisa do Ibope mostra que efeitos psicológicos da crise já chegaram ao bolso dos brasileiros
Os efeitos da crise financeira internacional chegaram às residências brasileiras das classes C e D, que têm renda mensal até R$ 1,2 mil. Como conseqüência dos acontecimentos das últimas semanas, os consumidores destas faixas de renda já esperam um Papai Noel mais magro que o anteriormente previsto. Apesar disso, não perdem o otimismo quando olham para o futuro da economia brasileira.
As constatações são de pesquisa do Ibope que ouviu 400 pessoas (66% da classe C e 34% da classe D) em cinco capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador) e no Distrito Federal, entre os dias 7 e 9 de outubro - no auge do pânico internacional. O Ibope admite uma margem de erro de cinco pontos porcentuais para mais ou para menos.
O estudo foi encomendado pela agência 141 SoHo Square que já o distribuiu para seus clientes, entre os quais a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), as lojas Marabraz e a Avon.
A população foi questionada sobre a situação financeira do mundo. Para 69% dos entrevistados, a crise irá afetar o seu dia-a-dia, enquanto 20% prevêem riscos somente para as empresas e não para sua vida financeira pessoal.
Os maiores medos dos brasileiros das classes C e D são a volta da inflação (35%), o aumento nos preços dos alimentos (30%) e os riscos de perderem os empregos (20%) e de não conseguirem pagar as prestações que devem (13%).
Diante das incertezas, as famílias estão preparadas para um Natal não tão farto como gostariam. Quase metade dos entrevistados (45%) disse esperar um Papai Noel mais magro, enquanto 31% acreditam que será igual e 21% prevêem melhora em relação ao ano passado.
Com relação à diminuição nos gastos pessoais que dizem já estar fazendo, constam cortes em itens da cesta básica (26%), lazer (24%), pagamento de prestações (20%), vestuário (19%) e alimentos especiais para festas (12%). Entretanto, 21% dos ouvidos ainda não mexeram nos orçamentos familiares.
A preocupação com os efeitos da crise, confessada por 75% dos entrevistados, não abala a confiança futura na economia brasileira. Para 39%, o ano de 2009 será melhor que o atual, 26% acreditam que será igual e 15% sustentam que será muito melhor. Na ala dos pessimistas, 12% acreditam que o ano que vem será pior e 3%, que será muito pior.
"O otimismo do brasileiro se mantém porque a população é acostumada a situações de crise e aos desafios que o País sempre ofereceu", sustenta Hélio Gastaldi, diretor de planejamento do Ibope Inteligência. Para ele, tanto o governo federal como a comunicação comercial têm que estar atentos à percepção das classes C e D sobre o momento atual para que suas mensagens tenham o efeito esperado.
"As pessoas querem uma mensagem otimista, mas não vazia. Elas estão convivendo com a crise, por este motivo, as mensagens não podem ser de pouco caso com este momento. Devem dar à crise a atenção devida, mas, principalmente, aparelhar e orientar o cidadão para enfrentá-la", sugere Gastaldi.
Fonte: Meio&Mensagem - 27/10/08
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Esta notícia atualiza um post anterior sobre o assunto.
Arnaldo Rabelo
28 outubro 2008
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