Arnaldo Rabelo

28 outubro 2008

Classes C e D esperam Papai Noel mais magro

Pesquisa do Ibope mostra que efeitos psicológicos da crise já chegaram ao bolso dos brasileiros

Os efeitos da crise financeira internacional chegaram às residências brasileiras das classes C e D, que têm renda mensal até R$ 1,2 mil. Como conseqüência dos acontecimentos das últimas semanas, os consumidores destas faixas de renda já esperam um Papai Noel mais magro que o anteriormente previsto. Apesar disso, não perdem o otimismo quando olham para o futuro da economia brasileira.

As constatações são de pesquisa do Ibope que ouviu 400 pessoas (66% da classe C e 34% da classe D) em cinco capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador) e no Distrito Federal, entre os dias 7 e 9 de outubro - no auge do pânico internacional. O Ibope admite uma margem de erro de cinco pontos porcentuais para mais ou para menos.

O estudo foi encomendado pela agência 141 SoHo Square que já o distribuiu para seus clientes, entre os quais a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), as lojas Marabraz e a Avon.

A população foi questionada sobre a situação financeira do mundo. Para 69% dos entrevistados, a crise irá afetar o seu dia-a-dia, enquanto 20% prevêem riscos somente para as empresas e não para sua vida financeira pessoal.

Os maiores medos dos brasileiros das classes C e D são a volta da inflação (35%), o aumento nos preços dos alimentos (30%) e os riscos de perderem os empregos (20%) e de não conseguirem pagar as prestações que devem (13%).

Diante das incertezas, as famílias estão preparadas para um Natal não tão farto como gostariam. Quase metade dos entrevistados (45%) disse esperar um Papai Noel mais magro, enquanto 31% acreditam que será igual e 21% prevêem melhora em relação ao ano passado.

Com relação à diminuição nos gastos pessoais que dizem já estar fazendo, constam cortes em itens da cesta básica (26%), lazer (24%), pagamento de prestações (20%), vestuário (19%) e alimentos especiais para festas (12%). Entretanto, 21% dos ouvidos ainda não mexeram nos orçamentos familiares.

A preocupação com os efeitos da crise, confessada por 75% dos entrevistados, não abala a confiança futura na economia brasileira. Para 39%, o ano de 2009 será melhor que o atual, 26% acreditam que será igual e 15% sustentam que será muito melhor. Na ala dos pessimistas, 12% acreditam que o ano que vem será pior e 3%, que será muito pior.

"O otimismo do brasileiro se mantém porque a população é acostumada a situações de crise e aos desafios que o País sempre ofereceu", sustenta Hélio Gastaldi, diretor de planejamento do Ibope Inteligência. Para ele, tanto o governo federal como a comunicação comercial têm que estar atentos à percepção das classes C e D sobre o momento atual para que suas mensagens tenham o efeito esperado.

"As pessoas querem uma mensagem otimista, mas não vazia. Elas estão convivendo com a crise, por este motivo, as mensagens não podem ser de pouco caso com este momento. Devem dar à crise a atenção devida, mas, principalmente, aparelhar e orientar o cidadão para enfrentá-la", sugere Gastaldi.

Fonte: Meio&Mensagem - 27/10/08

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Esta notícia atualiza um post anterior sobre o assunto.

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