
Recentemente São Paulo se tornou cenário para esse novo tipo de marketing, muitas vezes chamado de marketing de guerrilha. Em meio ao excesso de informações a que os paulistanos são submetidos diariamente, as agências de publicidade começaram a utilizar métodos não convencionais para divulgar uma empresa ou produto. A princípio, a idéia era usada no exterior por pequenas companhias que não podiam pagar por grandes anúncios na TV, em jornais ou revistas. Hoje, o conceito foi absorvido por grandes corporações que querem abordar o público de uma maneira diferenciada.
Segundo o diretor de criação da JWT (agência responsável pela projeção relacionada ao filme do Batman), Mario D’Andrea, a propaganda disputa a atenção não apenas com outras campanhas, mas também com a vida das pessoas. “Ações que ativem o contato entre consumidor e marca não devem ter hora nem lugar marcado”, avalia.
Para conseguir alguns segundos do dia-a-dia dos consumidores, vale tudo. Na divulgação de um site com conteúdo voltado para o público feminino, durante os meses de junho e julho, 50 motoboys circularam pela cidade com mochilas cor-de-rosa para transmitir a mensagem de solidariedade, otimismo e sensibilidade no trânsito. No início do ano, 200 pessoas foram algemadas nas grades, postes e árvores das avenidas Berrini e Paulista para promover a estréia de uma série de TV policial. Na última maratona de São Paulo, 47 pessoas correram vestindo camisetas com a palavra “bandido” enquanto um corredor usou uma camiseta com a palavra “polícia”. Isso para transmitir dados sobre criminalidade na cidade, referente à mesma série de TV que trata o assunto.
Para o sócio da agência Espalhe, Gustavo Fortes, o objetivo desse tipo de publicidade é que as pessoas vejam coisas diferentes e queiram falar daquilo para a família e os amigos. “É um negócio de boca-a-boca que começa na rua, vai pra internet e depois chega até a impressa”, afirma. Entre as ações pensadas pelos jornalistas, publicitários, blogueiros profissionais e um videomaker de sua agência muitas chegam a ter um toque de performance artística. Entre elas estão a colocação de um bloco de gelo de oito toneladas em uma grande avenida de São Paulo. Para o lançamento de um protetor solar em aerosol com efeito gelado, uma cena de verão com cadeira de praia e guarda-sol e latinhas do produto foi congelada e colocada na rua. A peça foi feita por um artista que usou uma moto serra molda-la e, à medida que o bloco derretia, quem passava na rua podia pegar o produto.
Para divulgar uma nova bebida à base de soja, a agência Power 4 decidiu colocar pessoas dançando na rua. A ação, que pretendia falar de ritmos e estilo de vida, tinha imagens e sons de cenas do cotidiano – como celulares tocando, criança chorando, gente falando – mixadas por artistas e levadas para as ruas. No local que servia de ponto para degustação do produto, 50 dançarinos vestidos como pessoas comuns, tomavam a bebida, ficavam paralisados por 20 segundos (em homenagem a um flash mob que ocorreu no metrô de Londres), executavam uma dança elaborada por um coreógrafo e depois voltavam a andar como se nada tivesse acontecido. Segundo a diretora de planejamento da Power 4, Cláudia Bertoni, mesmo quando as pessoas não entendem a ação, isso prende a atenção delas. “Era isso que a gente queria, prender a atenção”, diz.
Fonte: Época São Paulo - julho de 2008
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