Arnaldo Rabelo

06 junho 2008

Indústrias viram varejistas e ampliam ganhos

Indústrias de vários segmentos estão partindo para o varejo, abrindo lojas onde podem vender diretamente para o seu consumidor final. Essas unidades no comércio também se mostraram uma excelente solução para problemas como a sobra de estoque e a informalidade do setor, principalmente o têxtil. A estratégia tornou-se também um novo canal de vendas da indústria e uma forma de divulgar a marca, além de acompanhar de perto comportamento dos clientes.

A Cia. Hering, que já tem mais de 125 anos e começou apenas como indústria produtora principalmente de camisetas, foi pioneira na estratégia em 1993 e colhe, atualmente, bons frutos. A empresa lançou-se ao mercado varejista como alternativa ao excesso de produção sem mercado, e agora já conta com cerca de 250 lojas, 22 das quais em outros países.

A previsão para este ano é de abrir pelo menos mais 44 lojas Hering Store e 17 lojas PUC (dirigidas ao público infantil) em todas as regiões do País.

Isso representa o dobro do que foi aberto no ano passado, quando foram inauguradas 30 lojas, superando a meta de terminar o ano com 214 unidades e fechando em 225 lojas. Na expansão de 2007, foram investidos R$ 10 milhões. Até 2010, a companhia ainda tem a meta de chegar a 350 pontos-de-venda. Além disso, há também a meta de ampliar a rede de multimarcas para 10.700 clientes, um crescimento de 37,7% em relação ao ano de 2007.

Seguindo os passos da Hering, outras empresas, como a Johnson & Johnson, também se lançam ao varejo. No caso da gigante de produtos de higiene, ela está montando fraldários acompanhados de lojas exclusivas da marca em shoppings de São Paulo. O primeiro espaço foi aberto no Shopping Aricanduva em 2006, e, com os bons resultados, a empresa resolveu expandir a rede este ano.

Por isso, acabou de inaugurar outro espaço nesse modelo no Shopping Center Norte. A previsão é de que até o final do ano sejam abertas mais dez unidades, também em centros comerciais.

De acordo com Leonardo Velloza, diretor de marketing de fraldas da Johnson & Johnson, a empresa já vinha pensando em entrar em um novo canal e em como ter uma maior aproximação com o cliente. Acabou identificando os espaços dos fraldários dos shoppings como mercado interessante de atuação e onde poderia estar perto de seu público-alvo. "Já estávamos estudando novos canais de abertura e as parcerias com centros de compras foram uma oportunidade. O objetivo não é só aumentar as vendas, mas ver como funciona esse segmento e aprender mais sobre o consumidor", explica Velloza. Ele ainda cita que outra vantagem na fase inicial do negócio é o fortalecimento da marca.

Na unidade do Center Norte, o diretor estima que o valor investido foi de R$ 50 mil e o custo de cada espaço deve variar bastante, de acordo com o tamanho do local e de cada shopping, além de ser feita uma parceria com os centros de compra, já que o fraldário é serviço oferecido pelos malls.

O espaço também conta com uma estrutura de enfermeiros treinados e funcionários especializados que devem ajudar no atendimento a mães e bebês e na indicação dos produtos adequados. Toda a linha de produtos para bebês da Johnson&Johnson pode ser encontrada na loja anexa ao fraldário.

O diretor ainda acredita que pode ser uma tendência da indústria de interagir melhor com seu consumidor, além do próprio varejo, que tem investido mais em lojas-conceito e com mais serviços, mudando a disposição do varejo tradicional.
Eletrônicos

Outra que está apostando no varejo agora é a Sony, que acabou de inaugurar sua primeira loja no Shopping Cidade Jardim e pode inaugurar também outras unidades. Essa foi a primeira loja da Sony no Brasil, inaugurada na semana passada, em São Paulo, com um investimento de R$ 2 milhões.

De acordo com a rede, a loja "será uma plataforma de experiência para exposição e venda de produtos da linha nacional, internacional e conceito", onde também podem ser estudados novos produtos e conceitos. As lojas próprias da Sony já são uma estratégia mundial da rede de possuir um canal direto com seu consumidor que, agora, também deve ser utilizada no Brasil.

Ao todo, já existem 200 unidades em várias cidades do mundo como Barcelona, Berlim, Buenos Aires, Nova York, Paris e Osaka. Só na América Latina já há 30 lojas. Na Argentina, por exemplo, são 10 as unidades e, segundo Paulo Jaen, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Sony Brasil, já estava sendo estudado um projeto adequado para abrir no Brasil.

"Vemos o País como um mercado bastante grande e estamos analisando pontos e praças para abertura de outras lojas, mas ainda não temos isso definido, é uma questão de oportunidade", diz. Mas abertura deve se dar principalmente em shoppings.

Segundo o gerente, as lojas vão ter o mesmo padrão das unidades do exterior e possuem design moderno, além de seguirem a tendência de lojas de eletrônicos e informática que estão apostando em um atendimento especializado e oferecendo mais serviços, como de instalação e serviços técnicos, além da venda de produtos.

A Sony também afirma que o objetivo das lojas é permitir um maior contato com os clientes e gerar experiências e informações que possam ser usadas para melhorar sua rede de distribuição tradicional. "É importante para nós e para a indústria em geral ter a experiência completa, saber o que o nosso consumidor precisa; o aspecto de venda também é importante, mas não é só isso", diz.

Para o gerente, isso também é uma tendência em empresas de vários segmentos, na própria indústria de eletroeletrônicos.

Uma das que já possuem uma ampla rede de varejo no exterior também é a Apple. Mas no Brasil a gigante americana ainda não abriu lojas próprias, optando por parcerias com a Fast Shop e a Fnac. Já existem, porém, pontos-de-venda só com produtos da Apple, como o aberto no Shopping Iguatemi, mas que é uma revenda e pertence à Fast Shop.

Fonte: DCI - 06/06/08

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