Arnaldo Rabelo

28 junho 2007

Macrotendências do comportamento do consumidor

A primeira grande mudança que ocorrerá muito em breve e que promete iniciar toda uma série de transformações é a etiqueta inteligente. O microchip embarcado nos mais diversos produtos de consumo — processo que já se iniciou — deve substituir por completo o código de barras e ainda reforçar a coleta de dados para estratégias de relacionamento. Essa é uma previsão do sociólogo Arthur Shostak, professor emérito da Drexel University, na Filadélfia, e membro da World Future Society. “Casas e agentes inteligentes também prometem mudar bastante o perfil dos consumidores. No lar, completamente interligado por conexão sem-fio, as pessoas ganham tempo para diversão enquanto a própria casa cuida dos afazeres domésticos”, prevê.

Para o futurólogo, estas são macrotendências determinantes para um novo comportamento do consumidor. Porém, seu maior entusiasmo é com a nanotecnologia. Com produtos em escala de um bilionésimo de um metro e manipulação de matéria subatômica, a nanotech promete criar desde máquinas microscópicas para reconstrução de tecidos humanos como nanorobôs de guerra. “A nanotecnologia irá revolucionar muitas áreas. Até 2015, muito já terá sido implementado”, avisa. “Fico especialmente intrigado com a velocidade que as evoluções da tecnologia da informação estão reformulando nossa realidade corrente”. Mas essas evoluções irão se traduzir em mais tempo livre e conseqüentemente mais tempo para o lazer e relações sadias? “Sou otimista”, diz, o sociólogo que concedeu entrevista exclusiva de sua casa na Filadélfia.

Como um sociólogo estuda o consumidor?
Arthur Shostak: Nós fazemos pesquisas com consumidores, focus-groups, analisamos seu ciclo de gastos. Entrevistamos empreendedores que planejam lançar novos produtos ou serviços no mercado, e também estudamos casos de falência e fracassos para aprender sobre o que não foi capturado de forma antecipada sobre os interesses dos consumidores. Acima de tudo, nós tentamos identificar os desejos escondidos, as necessidades não percebidas, para melhor antecipar suas atitudes e comportamentos.

Os consumidores têm noção de seu poder?
As empresas que menosprezam esse poder estão ficando para trás, como deveriam. Elas precisam estar sintonizadas com os valores mais profundos de seus consumidores, e não presumir o que eles querem ou precisam. Os consumidores demoram até se tornarem leais a uma marca, mas são rapidíssimos para abandoná-la.

Muito se fala sobre tendências de consumo hedonistas e que valorizam a experiência, no lugar da posse. Você também nota esse comportamento?
Uma nova ênfase, de afinidade e conforto, tem sido dada à dimensão do ponto-de-venda. Isso ocorre no mundo todo, estamos entrando na nova era do capitalismo ultra-moderno. Nela, os objetos que compramos têm cada vez menos capacidade de nos proporcionar prazer. O prazer está mais relacionado ao ato de adquiri-las e nas experiências que elas nos fazem sentir.

Fonte: Consumidor Moderno

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