Arnaldo Rabelo

22 fevereiro 2009

Mobilidade em alta

O uso de smartphones cresce rapidamente no Brasil e cria vagas para executivos e especialistas em softwares e conteúdos móveis

Spring Wireless, de São Paulo, é uma das líderes mundiais em softwares móveis A para grandes corporações. Entre seus clientes estão gigantes como InBev, Grupo Santander e Nestlé. A empresa, fundada em 2001, tem 600 funcionários em quatro continentes e registrou faturamento de 95 milhões de dólares em 2008. Ela é um ícone de um mercado que cresce rapidamente e que vai gerar oportunidades de trabalho neste ano: o de produtos e serviços para comunicação móvel. Em dezembro, a Spring inaugurou dois escritórios na Ásia e vai abrir um terceiro por lá em março. Estamos contratando cerca de dez funcionários todo mês, de desenvolvedores de softwares a gerente de contas, com possibilidade de carreira internacional”, diz o presidente, Marcelo Condé. Há vagas para técnicos, engenheiros e administradores. Segundo a empresa de recrutamento Michael Page, com sede em São Paulo, os salários para os gestores nessa área estão acima da média do mercado, variando de 10.000 reais a 16.000 reais. “Esse profissional tem que conhecer e monitorar de perto o comportamento dos usuários da tecnologia , para identificar padrões e oportunidades”, diz Ricardo Basaglia, gerente da divisão de TI. O paulista Alexandre Abujamra, de 34 anos, assumiu o cargo de diretor de contas da Spring há poucos meses. Ele era sócio da Okto, empresa especializada em marketing e serviços interativos para celular, que foi comprada pela Spring em agosto do ano passado. Formado em Direito, Alexandre optou por fazer carreira em tecnologia e desde 2000 trabalha com o desenvolvimento de softwares para telefonia móvel. Foi gerente da multinacional Tiaxa, de serviços para celular, e trabalhou por três anos nos Estados Unidos. Quando a empresa americana encerrou suas operações no Brasil, em 2003, a unidade no país foi assumida por Alexandre e outros três funcionários, que a transformaram mais tarde na Okto. Hoje, sua tarefa é oferecer produtos e serviços para corporações. “Nesse mercado, é necessário entender dos processos do cliente para conseguir vender.”

O CONSUMO CRESCE

O mercado corporativo é o grande filão, mas o consumidor comum também empolga as empresas, pela perspectiva de crescimento do segmento. Há no Brasil 2,8 milhões de aparelhos compatíveis com a tecnologia 3G, que permite baixar dados e navegar na internet em alta velocidade. Esse número dobrou de junho a dezembro do ano passado. “Há uma migração dos consumidores de celulares comuns para smartphones [os aparelhos com funções que mesclam telefone e computador]”, diz Vinicius Caetano, analista de telecomunicações do IDC, consultoria de tecnologia em São Paulo. Os smartphones abrem espaço para fabricantes de software e empresas que criam serviços para o consumidor. “Essas empresas estão investindo para convencer o consumidor de que o telefone é muito mais do que voz”, diz Vinicius. Por isso, muitos fabricantes de software têm procurado profissionais de marketing, vendas e desenvolvimento de produtos. No mês passado, a Research In Motion, fabricante do Blackberry, anunciou a contratação de três executivos de marketing para atuar em pesquisa de mercado, relacionamento com operadoras e com o meio corporativo. A chinesa ZTE, com 400 funcionários no Brasil, planeja este ano ampliar o quadro em 15%. A empresa tirou da concorrente HTC o diretor comercial André Portes Gomes, de 34 anos. “A indústria valoriza quem tem um bom trânsito nas operadoras, entre técnicos e executivos”, diz André Gomes.

O impulso do iPhone
O aparelho cria oportunidades para desenvolvedores

A chegada do iPhone, da Apple, em setembro de 2008, gerou oportunidades no mundo móvel. A Apple incentivou os desenvolvedores a criar softwares para o iPhone e as concorrentes Nokia e Blackberry seguiram o exemplo. Grandes companhias, como bancos, começam a adaptar seus sites para os aparelhos. “Isso gerou oportunidades para profissionais autônomos e pequenas empresas de softwares”, diz Nick Jonas, analista do Gartner Group, consultoria de tecnologia. Um exemplo é a Grafikonstruct, de design digital em São Paulo, cuja demanda por conteúdo móvel cresceu 30% em 2008. “Procuramos gente que conheça as linguagens de programação mais atuais”, diz Rodrigo Teco, diretor da empresa.

Fonte: Revista Você S/A. - Edição 128 - 2009.

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