Arnaldo Rabelo

17 janeiro 2009

Para estimular turismo, Paraná cria 11 marcas

Logomarcas são parte do plano do Conselho Consultivo de Turismo e serão usadas no material de divulgação das atrações do estado

Uma versão estilizada da copa de uma araucária passa a assinar os materiais de divulgação das atrações turísticas do Paraná. A exemplo do que já fizeram o próprio Brasil e muitas cidades ao redor do mundo, o estado ganhou uma marca oficial, separada do governo ou de uma determinada gestão, que tem como proposta unificar e reforçar a comunicação.
Ao todo, foram criadas 11 marcas – uma para o estado como um todo e para dez regiões com potencial turístico (Noroeste, Norte, Campos Gerais, Curitiba e Região Metropolitana, Litoral, Centro-Sul, Centro, Sudoeste, Oeste e Iguassu & Caminhos ao Lago Itaipu). As logos, materiais promocionais e explicativos do projeto foram lançados no fim do ano passado e são assinados pela agência curitibana de design YUP Brasil.

A ideia é que elas sejam utilizadas em todos os materiais do estado distribuídos em eventos, feiras e em outras cidades turísticas. Segundo o coordenador estadual de turismo e artesanato do Sebrae, Aldo Cesar Carvalho, o investimento total é de R$ 90 mil, entre os trabalhos de mobilização e alinhamentos e o desenvolvimento das marcas propriamente ditas. A ideia, explica o coordenador, é parte do plano de marketing proposto pelo Conselho Consultivo de Turismo do Paraná, e foi colocada em prática a partir de um convênio entre o Sebrae e o Ministério do Turismo.

A diretora de criação da YUP, Vanessa Mezzadri, conta que durante dois meses foram feitos estudos de todas as regiões do estado que, segundo o Sebrae, têm potencial turístico. “Foi criada uma marca de acordo com as atrações principais de cada uma, a cultura e as características sociais e culturais”, explica. “No caso da marca do Paraná, trabalhamos com a Araucária, que é simbolo do estado.”

Para o diretor da Art Office, Kleber Puchaski, PhD em design pela Royal College of Art de Londres, muitas regiões estão entendendo a importância de não deixar que a criação da sua imagem aconteça “naturalmente”. “A imagem precisa ser administrada, porque não só empresas competem por recursos, investimentos. Mas também países, cidades e estados.”

O consultor de marcas José Roberto Martins, da Global Brands, observa que tratar o turismo através de uma estratégia de marca é uma iniciativa que precisa estar amparada em atributos realmente existentes. “O conceito deve ser sustentado na prática. Se não, corre-se o risco de cair no descrédito e criar uma frustração. É preciso ter a infraestrutura pronta antes da marca.”

Brasil

Foi esse o problema, segundo Martins, da marca Brasil. “O país tem corrupção, excesso de burocracia e uma série de problemas de infraestrutura, por exemplo, que acabam prejudicando a comunicação da marca.”

Para Puchaski, no entanto, o país está apenas no início de um processo de comunicação estruturada, que pode ter bons resultados. “O que o Brasil ainda precisa administrar são os estereótipos ligados à sua marca – como ser o país do futebol, samba e tráfico de drogas, por exemplo.”

O estado da Bahia e cidades como Nova Iorque, Londres e Barcelona são alguns dos exemplos de regiões que usaram a estratégia de marca para atrair turistas. O investimento na marca, pondera Martins, nem sempre traz resultados imediatos. “O fundamental é saber que a marca, seja de um produto, serviço ou região, é um recurso estratégico, e não tático. Isso significa dizer que tem objetivos de longo prazo.”

Produtos

Em agosto do ano passado, foi o etanol brasileiro que ganhou uma marca própria. O projeto é da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e tem como objetivo facilitar a sua divulgação. A proposta das ações de comunicação era de desmistificar o produto e reforçar a ideia de energia limpa e renovável.

Um dos mais emblemáticos exemplos de sucesso deste tipo de marca é o café colombiano. Há mais de 40 anos a Associação Nacional de Cafeicultores do país investe em campanhas publicitárias e ações de marketing, focando em qualidade e diferenciação do produto. O resultado é inquestionável – o Brasil é o maior exportador do grão do globo e o segundo em consumo, mas é da Colômbia o título de melhor café do mundo. Do país e do camponês Juan Valdez, com a sua mula Conchita, – personagens criados pela agência americana Doyle Dane em 1959, que já rodaram o mundo divulgando o café colombiano.

Fonte: Gazeta do Povo - 17/01/09

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