Arnaldo Rabelo

27 dezembro 2008

Vendas de Natal avançam 5%

Às custas de muita promoção, o comércio conseguiu espantar o baixo-astral da crise e as vendas de Natal tiveram crescimento moderado. Duas sondagens sobre faturamento divulgadas ontem revelam alta de 3,5% e 5% na receita na comparação com o Natal de 2007, que foi o melhor da década.

O crescimento modesto nas vendas pode ser um bom presságio para indústria no primeiro trimestre de 2009, porque sinaliza uma reposição dos estoques ainda em meados de janeiro. A volta às compras de grandes redes varejistas logo no início do ano era algo impensável para vários industriais que cogitavam reduzir a produção no período.

De toda forma, o desempenho positivo do Natal não deve interromper a forte onda de promoções que ocorre ininterruptamente desde novembro. Ontem, por exemplo, várias redes varejistas anunciavam descontos de até 70%.

"O varejo pode festejar os resultados em razão dos problemas que tivemos", afirma o presidente da Associação dos Lojistas de Shoppings (Alshop), Nabil Sahyoun. Sondagem preliminar feita pela entidade indica crescimento real de 3,5% no faturamento do Natal deste ano em relação ao de 2007.

É bem verdade que os segmentos com maiores taxas de crescimento foram exatamente os de produtos de menor valor, como óculos e acessórios (14%) e perfumaria e cosméticos (9%), enquanto os bens duráveis, como eletrônicos, ampliaram em 4% o faturamento. Esse resultado é coerente com o valor médio da compra de Natal, que neste ano ficou 20% abaixo do registrado em 2007, observa Sahyoun.

Com faturamento de anual que deve atingir R$ 75,2 bilhões este ano, os 689 shoppings brasileiros respondem por 25% das vendas no varejo.

Outra sondagem feita com 90 lojistas pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio) aponta crescimento de 5% no faturamento no Natal, superando em um ponto porcentual a sondagem prévia. O destaque foi para artigos de vestuário e calçados, que cresceram 6% na comparação anual, enquanto itens de maior valor, como eletroeletrônicos, tiveram acréscimo de 2% nas mesmas bases de comparação.

Emprego e renda em alta garantiram esse resultado, segundo avaliação da entidade. Sem a crise financeira, haveria espaço para crescimento maior, diz o comunicado da Fecomércio.

"O desempenho do Natal foi razoável, considerando que a base de comparação é forte", afirma o assessor econômico da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida. Segundo o Indicador Serasa de Nível de Atividade do Comércio, o volume de negócios entre os dias 18 e 24 de dezembro cresceu 2,8% em todo o País em relação ao mesmo período de 2007, quando o acréscimo havia sido de 5,3%. Na cidade de São Paulo, a alta foi de 1,1%.

Almeida destaca que o movimento de vendas nas cidades do interior do País superou o das capitais, cuja a população está mais atenta para as notícias sobre a crise financeira. Ele atribui o resultado positivo ao parcelamento oferecido pelas lojas.

Nos supermercados, as vendas de Natal também não decepcionaram. Levantamento da Associação Paulista de Supermercados (Apas) aponta crescimento de 4% real na receita de vendas deste Natal ante a mesma data de 2007.

Fonte: O Diário - 27/12/08

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