A crise aérea que começou no período do Natal deixou manchas na imagem da principal companhia aérea brasileira, a TAM. Enquanto a sociedade aguarda o relatório da segunda auditoria da Anac para descobrir as verdadeiras causas do problema, a TAM busca compreender onde falhou e a que ponto sua marca foi prejudicada, para traçar um plano de recuperação.
O diretor de relações institucionais da empresa, Paulo Castello Branco, afirmou: “Essa crise foi um completo desvio de padrão e nos amargura não ter conseguido servir bem ao nosso maior patrimônio, que é o nosso cliente”.
Um termômetro para o desgaste em sua imagem são as comunidades do tipo “Eu odeio...” abertas no Orkut. Não faltam clientes que chamam a companhia de arrogante, com histórias de mau atendimento, relatos emocionados de atrasos, serviço de bordo ruim, poltrona apertada e mala perdida. Os problemas de comunicação ao cliente foram flagrantes.
Aos 30 anos e com quase 50% de mercado, a TAM vive dividida entre cortar custos e fazer jus à imagem criada pelo seu fundador Rolim Amaro, que idealizou o tapete vermelho, pianos no embarque e outros requintes de uma aviação que não existe mais.
Mas, em nome de aumentar a receita por avião, os confortáveis assentos (com uma boa distância entre as fileiras) do primeiro Airbus encomendado por Rolim se foram. Para reduzir o tempo de solo dos aviões, para que voem o maior número de horas possível, a alimentação a bordo foi drasticamente simplificada.
Pesquisas apontam que o passageiro quer, pela ordem: pontualidade, avião novo e preço. Se os atributos com os quais a TAM construiu sua imagem deixaram de ser determinantes nessa nova realidade do setor, os executivos hoje se perguntam: como a TAM deve se colocar no mercado?
O seu posicionamento está indefinido. Isso pode ser conseqüência de não se ter analisado o público por segmentos. A TAM não poderá ser vitoriosa através dos atributos e posicionamento da Gol. Consequentemente, é muito provável que o público que ela poderá atender tenha outro perfil psicológico e comportamental.
Sobre a crise recente, a empresa acredita que tenha sido causada pela manutenção não programada de seis aviões, somada a um problema meteorológico em Congonhas e falhas na comunicação com a Infraero. No auge da crise, representantes do governo apontaram problemas de gestão e levantaram suspeitas de problemas de overbooking (vendas acima da capacidade) e favorecimento de fretamento em detrimento de vôos regulares.
É surpreendente que uma empresa que administrou brilhantemente outras crises, como a queda de um avião em 1996, e que tenha estado em 2005 entre as 15 marcas mais valiosas do país em uma avaliação da Isto É Dinheiro/Interbrand e tenha no mesmo ano conquistado o “Top of Mind” da Folha como companhia aérea, esteja agora cometendo tantas falhas que comprometem uma marca tão importante.
Texto adaptado de reportagem de Mariana Barbosa.
Arnaldo Rabelo
18 janeiro 2007
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